Pensei muito antes de me decidir a expressar a minha opinião de forma clara, aberta e principalmente frontal sobre este tema, não por receio de que ele seja lido por alguém de natureza muçulmana, mas porque, cada vez mais na sociedade ocidental (principalmente europeia), se resolveu adoptar uma actitude de desculpabilização e de defesa face às atrocidades cometidas por terroristas (que não têm outro nome) islâmicos, que eu considero a todos os títulos condenável.
Tudo se despoletou com as caricaturas dinamarquesas a Maomé, que se fossem de qualquer outro lider religioso, como por exemplo o Papa, não levantavam um décimo da celeuma que por aqui grassou (lembrem-se todos que o Papa já foi caruicaturado com preservativos no nariz e ninguém se insurgiu, nem as coisas tomaram as proporções de após as caricaturas). Nessa altura, teve de haver pedidos de desculpas públicos ao povo muçulmano, que, como são muito civilizados, apenas atacaram e incendiaram indesculpavelmente várias embaixadas dinamarquesas em vários países desse lado do globo. Alguma voz do mundo ocidental se levantou para condenar publicamente esses actos e exigir também publicamente pedidos de desculpas e a condenação dessas actividades criminosas? Claro que não, não vale a pena correr o risco de potenciar um 11 de Setembro na Europa, pois não? Vamos lá deixá-los sossegadinhos e acusar esses bárbaros caricaturistas de atearem fogo à gasolina.
Depois, quando tudo parecia mais calmo, eis que um Papa terrorista, no meio de uma aula numa universidade alemã e perante alunos universitários, decidiu afrontar mais uma vez o povo islâmico e cometeu a loucura de, citando um imperador Bizantino, defender que a religião não se deve impôr pela força, o que ainda parece acontecer no mundo islâmico, e pugnar pela tolerância intra-civilizacional e intra-confessional (isto depois do seu antecessor ter, e muito bem, pedido desculpas públicas pelos actos selvagens cometidos pela Igreja Católica na altura da Inquisição e das Cruzadas, em que essa Igreja Católica procurava, precisamente, impor-se aos outros povos pela força). Mas o que é isto? Nova afronta aos coitados dos muçulmanos que, proporcionalmente, incendeiam umas quantas Igrejas e matam umas quantas freiras. De quem é a culpa? Obviamente do Papa que não soube estar calado, pelo que se exigem novos pedidos de desculpas por essas bárbaras palavras, o que acontece. E as freiras? E as Igrejas? Naturalmente mereceram ser sacrificadas, o que é desculpável pelo facto de quem o fez estar simplesmente a responder a uma afronta pública e de terem sido provocados.
Agora chegamos ao cúmulo de, por medo de mais retaliações, cancelarmos manifestações artísticas de inegável beleza e profundanmente inocentes (veja-se o cancelamento de uma ópera de Mozart numa sala de espectáculos de Berlim, só porque faz algumas alusões a Maomé que podem ser mal interpretadas) ou cancelarmos manifestações culturais com tradição secular (como uma tradição Valenciana em que no fim se expludiam com cabeças de gigantones representativos de personagens como Poseidon, o tal Maome, o Papa e outros, e que este ano foi cancelada), em nome de uma Paz com o Islão e sempre com a argumentação de que não devemos mexer no enchame de abelhas para não corrermos o risco de sermos picados.
Ora, por amor de Deus! Até quando vamos continuar a desculpar todas as atrocidades cometidas por alguns terroristas que não entendem que devemos ser livres de expressarmos o que nos vai na alma? Até quando iremos cercear a nossa liberdade de expressão, que tanto custou aos nossos antepassados a conquistar, em nome de uma falsa e enganadora Paz? Até quando iremos procurar nos terroristas norte-americanos a desculpa para todos os males que nos afectam? Até onde nos levará este medo que inclusivamente começa a condicionar os nossos costumes e tradições? Quando iremos nós dar finalmente o grito e dizer que não permitiremos que a nossa liberdade que nos custou tanto a ganhar seja aniquilada por uma religião atrasada na sua evolução em 5 séculos?
Veja-se que agora algumas mentes brilhantes chegaram ao cúmulo de inventar certas teorias conspiratórias com o objectivo de tentar demonstrar que, por exemplo, o 11 de Setembro não foi mais do que um plano maquiavélico concebido pelas mais altas instâncias norte-americanas (no fundo serão sempre eles os responsávies por tudo de errado que aconteça no planeta) e não um ataque hediondo e desumano que não teve outro objectivo que não fosse a morte de cidadãos comuns daquele país. Sempre esta ideia de desculpar o terrorista e atacar o núcleo de todos os males, os EUA, esquecendo-se inclusivamente a reivindicação do atentado feita pela Al-Quaida.
Penso que está na altura de mudar mentalidades e de reconhecer os males de onde eles vêm e não procurar manter uma falsa e aparente paz, até ao dia em que sejamos nós as vítimas de um 11 de Setembro europeu. Ou de outro 11 de Março. Ou de outro 7 de Julho.
Claro que isto não se aplica a todo o mundo muçulmano, talvez seja mesmo uma minoria, mas é uma minoria à qual devemos dizer basta, assim como o dizemos a todos os grupos extremistas ocidentais. Terrorismo é terrorismo, venha de onde vier, e deve ser combatido de forma igual e nunca ser desculpabilizado.