quarta-feira, 8 de novembro de 2006

O Fim da Ecovia - A injustiça governamental nos Transportes Urbanos de Coimbra

É com desagrado e profundo lamento que assisto à decisão da Câmara Municipal de Coimbra de acabar com o serviço ECOVIA, já a partir de 1 de Janeiro. Para quem não conhece, a Ecovia é um sistema inovador que visa retirar o trânsito do centro da cidade, colmatando ao mesmo tempo as desvantagens dos transportes públicos. Assim, na cidade de Coimbra existem 6 parques de estacionamento periféricos onde se pode estacionar durante um dia inteiro por 1,75€. Por esse preço, há direito a vigilância do carro e 2 senhas para minibus (ida e volta), cuja viagem oferece a leitua do Diário de Coimbra e se opera em percursos directos, rápidos aos pontos mais problemáticos do trânsito da cidade: o Polo I da Universidade e a baixa.
Não tem a desvantagem dos autocarros e tróleicarros da morosidade e dos trajectos mais ou menos enviosados, bem como permite escapar àquele provincianismo citadino de Coimbra, através do qual não fica bem certas pessoas serem vistas num autocarro.
Criado em 2000, nestes seis anos, que conclusões tirar do serviço? Muitos carros tirados do trânsito, menos problemas de estacionamento mas muito menos adesão do que se esperaria. O que resultou nos 5,2 MILHÕES DE EUROS de prejuízo e no epíteto de Ecovazia...

Parece-me que a Ecovia é um daqueles serviços por natureza deficitários, pelo que o prejuízo por si só não devia ser suficiente para fundar a extinção de um mecanismo inovador e económico que, de facto, oferecia alternativas ao uso do transporte particular.

Mas não posso deixar de concordar com Carlos Encarnação quando se analisa que 5,2 Milhões de Euros é um prejuízo manifestamente incomportável. E que resulta, mais uma vez, da estranha injustiça governamental que paira sobre o sistema de transportes conimbricense.

Com efeito, a terceira maior rede de transportes urbanos do país não recebe um cêntimo dos cofres do Estado, sendo ainda a única cidade ibérica que maném os tróleicarros, responsabilidade histórica mas também ecológica (os trolleys são eléctricos e, assim, não poluem o ambiente) que potencia os custos.

A isto acresce a inexplicável medida do governo de suspensão das obras do MetroMondego, quando o concurso estava adjudicado e as demolições na baixa estão em curso.
O que só é mais dramático quando o orçamento de Estado gasta milhões em transferências compensatórias para a Carris, o Metro de Lisboa e os STCP. E nem um cêntimo aos SMTUC...

Isto é, Coimbra paga os seus transportes e ainda suporta os de Lisboa e do Porto.
Em consequência, está marcado um dia de luta pela rede de trasnportes urbanos em Coimbra. Rede essa que, dadas as circunstâncias, estará mais pobre a partir de 31 de Dezembro, perdendo o seu original sistema de park and drive.

4 comentários:

  1. É também com tristeza que recebo a notícia, mas com compreensão pela Câmara Municipal pela falta de apoio do estado....

    E os pantufinhas? Vingaram?

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  2. Até ver ainda não os tiraram... a ver vamos...

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  3. os pantufinhas costumam andar sempre cheios!!mas também visam uma camada diferente da população...é realmente uma pena que as Ecovias tenham um final anunciado...porque é que as "modas" boas não pegam?

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  4. Já era previsível; mas não deixa de ser revoltante, sobretudo tendo em conta as vantagens que o sistema oferecia e, em consequência do seu encerramento, o expectável regresso de mais umas centenas de carros ao centro da cidade.

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