Fala-se muito em Portugal de aumentar a produtividade e a capacidade de competir com as empresas de outros países, mas, honestamente, acho que muitos portugueses (especialmente os médios e pequenos empresários) ainda não perceberam o calibre do desafio que os aguarda.
Como o Courrier Internacional muito bem retratou numa das suas recentes edições, desde à muito que a China abandonou a postura de isolacionismo e desprezo pelo que o exterior tinha a oferecer que a caracterizou durante mais de uma dezena de séculos.
Na verdade, temos o privilégio de assistir uma viragem da política deste gigante asiático (e mundial) que procura agora lançar-se, com todas as suas forças, sobre as fontes de energia e matérias-primas de todo o mundo para alimentar a sua economia que cresce a um ritmo galopante e inundar os mercados europeus e americanos com produtos chineses.
Temos exemplos dessa viragem na recente decisão da China de enviar capacetes azuis para o Líbano e nos resultados da cimeira sino-africana realizada à poucos dias em Pequim (onde foram celebrados dezasseis acordos do valor de 1,9 mil milhões de dólares!).
É verdade que o paradigma em que assenta grande parte do sucesso chinês (mão-de-obra barata à custa de uma oferta quase infinita e da ausência de direitos dos trabalhadores) tem, necessariamente, os dias contados.
Mas quando falamos de um país do tamanho da China, há que ter noção que poderá demorar muito tempo até atingir o ponto de ruptura (por força da enorme massa de chineses que procura trabalho e devido à sua postura de sacrifício em nome do bem maior) e que este gigante tem muitos exemplos por onde aprender a adaptar-se às novas circunstâncias.
Ou seja, está na altura de os países ocidentais "abrirem a pestana" porque a sua supremacia económica está, claramente, a ser posta em causa.
Não me parece. O desenvolvimento económico só vinga se acompanhado com respeito pela dignifdade humana. E cada vez mais o desenvolvimento económico acontece a quem está tecnologicamente mais avançado. Parece-me que o boom chinês terá, esse sim, os dias contados. Sobretudo porque a abertura ao mundo também significa que os chineses percebam que, se calhar, 1 cêntimo é pouco por um dia de trabalho e que mereceriam aprender mais do que a ler.
ResponderEliminarSó que não é isso que se tem vindo a revelar, Afonso...O mercado chinês continua em crescimento para diversas áreas do globo!Não considero a economia chinesa decadente ou em eminente estado de decadência...antes pelo coontrário!!Quanto às questões humanitárias concordo ctg...há uns dias vi um documentário sobre a China e são desumanas as condições em que muitos deles vivem, pessoas que trabalham horas e horas para conseguirem sobreviver e garantir um melhor futuro aos seus filhos...
ResponderEliminarComo tem razão! Quando pagamos um objecto na Europa, 100 euros, a China recebe 10 e o que o produz, recebe 1...
ResponderEliminarIsto demonstra os benefícios enormes que fazem as empresas ocidentais que o fabricam na China..e justifica os quase 70% de exportações da China para o ocidente.
E ao mesmo tempo a destruição de grandes sectores da industria ocidental.
Pensemos só nisto: - 1.000 biliões de $ ( quase 800 biliões de euros) é o total das reservas de divisas da Bank of China!..
E quando pensamos na ameaça que este tesouro significa para o mundo inteiro, no dia em que a China resolver utilizar esta margem de manobra para "negociar" Taiwan com os EUA sabendo que é a China, o Japão, Taiwan e outros mais pequeninos que financiam o enorme défice exterior dos EUA !
Tanto mais que apesar desta balança positiva , a moeda Chinesa nao é revalorizada como deveria ser, o que nos permitiria de ser um pouco mais competitivos ou eles serem um pouco menos agressivos comercialmente.
Mas quem vai impôr aos Chineses de valorizar o yuan? Os EUA ?
E se ao menos esta abundância de investimentos e de capitais trazia com ela a liberdade de expressão, o respeito dos direitos fundamentais, melhores condiçoes de trabalho, sistema de saùde, etc., e já esqueço a independência do Tibete!