sexta-feira, 30 de junho de 2006

Impostos e redistribuição da riqueza

Dão hoje eco as notícias de um estudo elaborado por especialistas fiscais que está já em cima da mesa do Ministro das Finanças com propostas, no mínimo, bizarras. Entendamo-nos: esta notícia - será notícia? - de um estudo é, evidentemente, uma primeira abordagem à questão, que pretende pôr a opinião pública a pensar numa coisa que, supostamente, não está decidida, mas que convém ao Governo atestar as reacções que gera e "preparar" para o que aí vem - é aliás, uma estratégia que o Governo já usou noutros temas...
E eu percebo que o Governo precise de o fazer. Um documento que, segundo ouvi na TSF, sustenta (!!) que i) não é pelos impostos que se faz a redistribuição da riqueza - alguém tem que avisar os finlandeses e os dinamarqueses -, ii) que devem ser abolidas as deduções à colecta das despesas com educação e lares, etc.
Sinceramente, confesso, isto é assim: se isto viesse de um Governo de direita eu não teria, imediatamente, dúvidas em criticar estas "supostas" medidas que aí vêm, mas como isto - last time i checked - ainda é um governo socialista a minha primeira reacção é de algum benefício da dúvida, depois - não muito depois - vem a incredulidade e, imediatamente a seguir, a CRÍTICA! Porque, efectivamente, estas medidas, independentemente da origem, são más!

3 comentários:

  1. Mas que pré-concepção da realidade errada!
    A direita é muito maios apologista da redistribuição da riqueza que a esquerda. Incomparavelmente. Vejam-se as concepções de gratuitidade do ensino ou da saúde. Num ensino gratuito para todos, todos estão a pagá-lo impostos, quer usem quer não. E mesmo quem não tem possibilidades económicas está a fazê-lo, embora em menor medida, é certo. O que resulta que um sistema gratuito é profundamente injusto socialmente.
    Se o ensino ou a saúde forem financiado por quem utiliza e mediante taxas variáveis consoante a capacidade contributiva dos utentes, obviamente se adquire uma distribiução da riqueza e uma solução socialmente justa.
    Assim, quem não pode, não paga. Mas quem pode custeia o serviço.

    Não é, pois, o facto de ser um governo de direita que o torna inimigo da distribiução de riqueza. Simplesmente se entende (e a meu ver bem) que o caminho para lá chegar é outro...

    Aceito, por isso, um pedido de desculpas... ;)

    PS: Obviamente, um Governo de direia seria o último a tomar medidas deste género. Estas medidas de igualitarismo e de desatenção às despesas com lares e às condições específicas de contribuintes são típicas de governos de esquerda.

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  2. Pronto, Afonso, és de esquerda e não sabes!É claro que, e isso está na literatura de ciência-política, quem defende a redistribuição da riqueza como via para uma sociedade mais justa, igualitária e livre é a esquerda! Ainda que, e isso aceito, estejam nesta concepção influências cristãs.
    A direita defende o individualismo, a economia de mercado, a mão invisível, a inexistência do EStado, o fim do rendimento mínimo garantido!
    :-)

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  3. Exacto, porque são medidas socialmente injustas.
    Vocês (a esquerda) confundem liberalismo económico com a direita. E se é certo que muita da direita o perfilha (eu inclusive) nem toda o faz.
    E o que defendi é precisamente uma política de menos Estado: o Estado só deve agir quando e para aquilo que é essencial. Por isso me desagradam sistemas gratuitos de educação e de saúde. Esta "gratuitidade" significa que todos estao a pagá-la, quer quem tem possibilidades, quer quem não tem.
    O Estado deve desaparecer do financiamento desses sistemas e aparecer SIM para auxiliar quem não possa a eles aceder.
    Mas só esses!

    Agora, nunca vi direita nenhuma defender que os impostos devem ser pagos igualmente por todos, independetemente das condições e vicissitudes individuais!
    Deixa-me recordar-te que a teoria económica do imposto progressivo vem da direita e que é sempre a direita quem defende os benefícios fiscais...

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