terça-feira, 4 de outubro de 2005

O conflito entre os direitos dos trabalhadores e o lucro das empresas

Ouvi hoje na rádio que o governo francês aprovou (ou se prepara para aprovar) uma alteração ao código de trabalho que permitiria à entidade empregadora manter um trabalhador no período experimental durante dois anos e despedi-lo durante esse período sem ter de lhe pagar qualquer indemnização.
A resposta não se fez esperar. Hoje, os trabalhadores da função pública e das empresas privadas juntaram-se num acto de protesto contra essa e outras medidas de cariz semelhante.
As medidas em questão são de tal forma contestadas que os partidos de esquerda e extrema-esquerda (altamente divididos durante o referendo para a constituição europeia) se uniram e fizeram um apelo conjunto para que este protesto se realizasse.
É o exemplo perfeito do aproveitamento que se tenta fazer dos períodos de crise.
Acho que mesmo os apóstolos e profetas da produtividade e competitividade reconhecem que isto é ir longe demais, e é, inclusivamente, contra-producente já queos trabalhadores precários produzem menos que os restantes.

1 comentário:

  1. Concordo em absoluto com o que disseste, mas nao sei se posso concluir como tu.
    O regime aprovado pelo Governo nao é exactamente como descreveste. De acordo com o que li, pode haver despedimento sem justa causa nos primeiros 2 anos, mas ha direito a indemnização reforçado do trabalhador e permite-se a entrada no subsídio de desemprego. Se o trabalhador nem sequer for contratado, nao tem direito ao subsidio de desemprego.
    E este mecanismo so pode ser utilizado para desempregados de longa duração. Parece-me uma pedida de combate ao desemprego, de bondade discutível, mas que pode até resultar a bem dos trabalhadores. Nao sei. Nao consigo ter opiniao. A ver vamos...

    ResponderEliminar