sexta-feira, 13 de maio de 2005

A Medalha de Portas

Sei que esta minha intervenção teria mais lógica à laia de comentário ao post "A Medalha". Mas dado o meu estado de irritação, achei dever expô-lo aqui.

O pior que se encontra no zé-povinho, no portuguesinho, é o dizer mal por dizer, mesmo que não haja qualquer razão. A par desse fenómeno, encontramos a tendência para depreciar tudo o que é nacional: seja a importância do país, seja o peso dos seus governantes ou o peso que o Estado Português tem tido no mundo.

Eis mais um exemplo.
Paulo Portas aliou um brilhante sentido de estado a uma competência técnica a que não estamos habituados.
Em meia legislatura, fez tudo o que havia para fazer na defesa: modernização, reequipamento, pensões aos antigos combatentes, (que arriscaram a vida pela sua pátria e, por convulsões políticas, têm vindo a ser esquecidos pelo país), a que somamos o salvamento da indústria naval e militar portuguesa, revogando até decisões guterristas tendentes a enviar para o desemprego milhares de trabalhadores.

Não há nenhum militar, tenha convicções políticas da esquerda à direita, que não o afirme. Um Ministro da Defesa que finalmente aliou peso político a competência técnica, com vontade de mudar o que está mal e aperfeiçoar o que pode ser melhor.

Sendo isto unânime para aqueles que foram visados pela gestão de Portas, também foi percebido pelos Estados Unidos, aliado de Portugal.
Uma condecoração que só tem de nos honrar, porque prova como é possível recuperar, em período de contenções, um sector que sempre foi esquecido em Portugal, com prejuizo para o país.

Mas não... a esta condecoração só sabemos reagir com críticas irracionais, com desconfianças infantis e com mal dicência sem objectivos.

Cresce, Portugal! Tem orgulho naquilo que fazem por ti.
Goste-se ou não, é cada vez mais indiscutível que Paulo Portas, enquanto Ministro de Estado e da Defesa Nacional, realizou um excelente trabalho.

6 comentários:

  1. Já sabia que o meu post iria provocar este tipo de irritação no meu bom amigo Afonso, e foi por isso que no fim sublinhei que não se tratava de, mais uma vez, criticar irracionalmente os sucessos dos portugueses.
    E nem sequer fiz qualquer juízo de valor quanto ao trabalho de Paulo Portas como Ministro da Defesa.
    Aquilo para que eu estava a tentar chamar a atenção era para a (aparente) falta de fundamento da medalha.
    É que não estamos a falar de uma condecoração dada por uma qualquer organização americana com pretensões de imparcialidade, uma organização cujo objectivo é reconhecer o mérito dos governantes independentemente da sua nacionalidade, raça, credo ou convicções políticas.
    Estamos a falar do Departamento de Defesa dos EUA, que não tem, sequer, pretensão de ser imparcial. Que premeia que os que a ajudam na concretização dos seus objectivos.
    E se é claro e evidente que as pessoas que cito no meu post contribuiram enormemente para a concretização dos objectivos dessa instituição, continuo sem perceber porque é que a modernização das nossas forças armadas e as medidas de Paulo Portas justificam tal medalha.
    É só isto que me perturba: não perceber...
    Admito que é algo que me acontece muito na minha vida, mas isso não me impede de querer perceber. E até agora, as justificações avançadas simplesmentes não me convencem (sorry Afonso).
    O ponto fulcral é o mesmo: se as medidas de política externa não nos destacam assim tanto de outros países participantes nas operações dos EUA, e se as nossas medidas internas não deveriam ser suficientes para justificar tal reconhecimento, porque é que PP foi medalhado?
    Se me explicarem de forma convincente, retracto-me, como já fiz no passado (ainda não aconteceu aqui, mas há sempre uma primeira vez).

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  2. Tenho pena, mas não posso concordar.

    Pelo que eu percebi do teu texto, não te chocaria se Paulo Portas fosse condecorado pelas Nações Unidas. O que te choca é que um Estado que, nas tuas palavras, nem sequer pretende ser imparcial (nem deve pretender... os Estados têm interesses próprios!) condecore um ministro da defesa de um Estado amigo.

    Pois a mim faz todo o sentido. Portas foi capaz de recuperar a força histórica que Portugal sempre teve, e que desde o 25 de Abril estava esquecida. Não seremos nunca uma grande potência militar, mas temos obrigação de ter uma palavra a dizer nos negócios do mundo.

    E que têm os Estados Unidos a ver com isso?
    Os Estados Unidos organizaram uma manobra militar e uma aliança com metade do mundo, concorde-se ou não.

    E nessas manobras militares, teve 3 estados que foram um apoio incondicional: Portugal, Espanha e Inglaterra.

    Portugal serviu de anfitrião na base das Lages para a decisão final de intervenção militar no Iraque.

    Não me lembro de ver este tipo de críticas quando Aznar, ao cessar funções, recebeu a mesma condecoração da administração norte-americana.

    Trata-se de um trabalho conjunto, liderado por um dos países aliados. Que há de horroroso quando o estado que lidera a coligação condecore e agradeça o auxílio prestado por outros Estados.

    Aliás, a isso se referiu COndoleesa Rice na condecoração.

    Acho que é até antipatriótico desconfiarmos demais dos nossos aliados.
    Parece-me inquestionável que há mérito internacional no trabalho de Paulo Portas, sobretudo na preparação e operacionalização da intervenção no Iraque.

    É triste que tenhamos de estar sempre à procura de qualquer razão menos digna para podermos sentir descanso da alma.

    Eu não sou assim. Tenho orgulho no comportamento do meu País (mesmo que, pessoalmente, seja absolutamente contra a intervenção militar no Iraque) e fico honrado que o responsável militar tenha merecido um destaque internacional por parte do Estado amigo que liderou a coligação.

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  3. Não me parece que a participação militar seja o objecto da discussão.

    Também me parece que a intervenção militar é reprovável, com ou sem armas no Iraque, uma vez que não foi validada pela ONU.

    Agora, se há coisa que deve ser de valorar é a relação privilegiada que Portugal mantém com os Estados Unidos. Não se trata de escravidão. Trata-se de um mais que dá peso ao país. Na União Europeia, é Portugal o melhor interlocutor transatlântico, e isso é um ponto que nos confere peso e importância internacionais, não protagonismo.

    Espero que o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros não aniquile, definitivamente, a importãncia internacional que a República Portuguesa ainda têm.

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  4. Quem dera que Portugal tivesse tal importância no mundo... de modo a serem os EUA a retirar benefícios da amizade com Portugal!!

    Infelizmente parece-me que é o contrário...

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  5. Sei que já vem tarde, mas nos últimos dias não tive tempo para nada...
    Só queria dizer que se já faz algum sentido que medalha tenha sido atribuída pelo apoio incondicional de Portugal, continuo sem perceber porque foi atribuída ao ex-ministro da defesa e não ao ex-primeiro-ministro (como foi no caso de Espanha).
    Afinal, em última análise, tratou-se de uma decisão tomada pelo chefe do governo...
    abraço

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  6. Porque duas razões:
    1º Porque foi uma decisão tomada pelo GOVERNO, enquanto órgão de soberania. Qualquer membro estaria apto a ser condecorado. Mas, obviamente, o membro do Governo com competências em razão da matéria era o Ministro de Estado, da Defesa Nacional e dos Antigos Combatentes.

    2.º Porque Durão Barroso é presidente da Comissão Europeia, pelo que a condecoração poderia ser mal interpretada. Se, como ocorreu, já está a merecer tanta atenção, como seria se tivesse sido Durão Barroso a receber a distinção?

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