sexta-feira, 13 de abril de 2007

O que ficou por explicar.

Pelo que vi ontem na SIC, a entrevista do Primeiro-Ministro foi muito convincente e agradou à generalidade dos que votaram no estudo de opinião. Ainda bem para o Governo. É bom saber que a sua propaganda continua a funcionar e que o Povo soberano ficou esclarecido.
Mas eu, individualmente considerado, não fiquei. Nada. Claro que não ajuda nada que os esclarecimentos tenham sido prestados numa televisão de que Sócrates é o patrão nem que as perguntas a ser formuladas tenham assumidamente sido ditadas pelo entrevistado... Mostra sobretudo que há ali qualquer coisa a esconder.
Mas adiante. Tomando por bom jornalismo o prestado pela estação pública e esquecendo que o discurso decorado transmite insegurança que não se justifica, ficaram questões por esclarecer, a saber:

1. O tempo da entrevista: Peço desculpa mas não cabe na cabeça de ninguém que alguém, perante acusações tão graves, esteja 20 dias sem se defender de uma calúnia do tipo. A desculpa do PM foi esfarrapada, fácil, encontrada à última da hora. Perante acusações como as que saíram no Público, não é crível que, sendo caluniosas, o PM não se defendesse imediatamente.

2. Versão Anterior: Porque razão disse Sócrates que não se lembrava quem tinha sido o prof. das 4 cadeiras (80% do que fez da UNI) ? Como é possível alguém nao saber quem foi o professor de 4 cadeiras do ensino superior? Qualquer pessoa que tenha passado pela faculdade sabe de cor e salteado o nome de todos os professores que aí teve. Ora, se um professor tiver leccionado 80% do curso, não me parece plausível que Sócrates não se lembrasse de quem era.

3. Pós-Graduação em Engenharia Sanitária: Porque razão não se falou na célebre pós-graduação em engenharia sanitária que, afinal, foi um curso de 4 dias?

4- Porque razão mudou em 92 a sua biografia no Parlamento quando nao era ainda licenciado?

5 - Porque é que mandava Faxes do gabinete oficial, cujo conteúdo revelava intimidade com o professor (que não se lembrava quem era...)?

6- Se a UNI funcionava aos domingos, porque é que o diploma do PM é o único que foi passado a um domingo?

7- Porque é que o professor das cadeiras (quase) todas integrou os governos de Sócrates?

8- Mudou para a UNI porque tinha prestígio (?!?) e horário pós-laboral... Sr. PM, garanto-lhe que o ISEL tem mais prestígio e também tem horário pós-laboral.

9- Como explicar as relações entre a UNI e o PS, nomeadamente quando o Sr. Armando Vara acaba o curso na UNI e 3 dias depois é convidado para administrador da CGD?

10- Alguém pode achar normal que haja uma turma especial, um plano de equivalências diferente do que manda a lei?

11- Alguém acha normal que o Reitor da UNI leccione inglês técnico, em vez do professor da cadeira?


Mas há mais. Também me incomoda outra dúvida. No programa de quarta-feira, o director do Público relatou que tinha as informações divulgadas há já dois anos. Se as tinha há 2 anos, porque só agora as divulgou?

Não sou nenhum anjinho, e também sei ver que a Sonae, proprietária do Público, ficou agastada com o voto da CGD relativamente à OPA. O Governo agiu contra a Sonae e isso pode ter motivado a publicação das notícias.
O que é quase tão grave como o PM ter comprado um curso ou se ter feito passar por algo que não era...

2 comentários:

  1. Vi a entrevista e convenceu-me nas partes que achava (e acho pertinentes). As tuas dúvidas, que são legítimas, poderão ser reduzidas com algumas achegas minhas (se me permites).
    O facto de ele não se ter pronunciado antes, justifica-se perante a explicação dele. Se ele falasse antes da decisão do governo, dir-se-ia que seria uma forma de pressão. O facto de não se lembrar dos nomes dos professores, respondo com um exemplo prático: eu. Fiz n cadeiras que não sei quem é o professor. Não faço a mínima ideia nem quero saber. Aliás, sempre que mandava um mail a um professor tinha que ir à página da cadeira ver o nome dele. E como eu, existem muitos mais alunos. Acredita.
    Os faxes (foram assim tantos?? Centenas? Dezenas?) foram enviados do gabinete, porque se calhar ele trabalhava lá. Não? Ia à estação de correios mais próxima mandá-lo? Escrever no final de uma carta "seu" é intimidade? Não me parece. Aliás, se ele fosse mesmo muito amigo dele (vamos insinuar favores), não demonstraria isso em faxes enviados do seu gabinete.
    A data do diploma. É isso e as notas lançadas em Agosto. Mais um caso prático: eu. Todos os exames que fazia em Junho e Julho, as notas eram lançadas em Agosto (quando é que percebem que o País não pára em Agosto?). Diploma num Domingo? Foram verificar todos os diplomas passados pela UI a todos os seus alunos(desde o início da sua fundação) e verificar se estavam num dos 5 dias úteis? Não acredito.
    O professor integrou o governo do PS (onde estava o Sócrates). Caso prático. Deste aulas o ano passado ao aluno Manuel Santos. Este ano ele foi convidado para ser secretário de estado da cultura. Daqui a um ano, tu recebes um convite do governo (devido às tuas habilitações e passado profissional) para integrar o ministério da justiça (como assessor). A minha insinuação: "Ah. Ele foi professor do Manuel, passou-lhe (já que ele se arriscava a perder o ano, pois claro) e agora recebe o prémio. Ai estes jobs, estes jobs".
    De facto, a UI quando surgiu tinha prestígio. Quem não se lembra? O ISEL era melhor? Talvez. Coimbra é melhor que Lisboa em Medicina? Aveiro é melhor que Coimbra em Informática? Depende. Sem rankings, não há objectividade.
    Turma especial. Porque não? Não podes olhar aos critérios que são usados nas universidades públicas. Se há turmas especiais para trabalhadores-estudantes, porque não haviam eles de fazer uma turma especial para pessoas transferidas? Eles querem é cativar alunos, pois claro. O plano de equivalências é diferente em que aspecto? Sobre isto também sei um pouco (através de casos de colegas). Isso é a maior palhaçada que existe nas Universidades (espero que Bolonha acabe com isso).
    Mas o que é que interessa quem lhe deu inglês técnico? Alguém acredita que um aluno pode escolher um professor? Já te ocorreu que se houve trafulhice aí, ela é da inteira responsabilidade da UI?

    Para acabar, acho que já andam há muito tempo à volta disto. Está mais que provado que ele é licenciado em Engenharia Civil e para este caso era o que interessava (não o facto de ter curso ou não, mas sim se era legítimo). E só mesmo num país como o nosso (onde nos cheques e cartões bancários vem Dr., Engº, Arq.º, etc etc. Acham que na EU é assim também?) é que se pode perder tanto tempo a falar disto. Para mim ele é o José, o treinador do Benfica é o Fernando, tu és o Arlindo Pascoais e o outro é o Herlindo Cardoso.

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  2. Eradumvelhinho,

    Gostava de acreditar no que dizes, mas parece que a coisa não é assim tão simples... Vou já pôr outro post...

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