quinta-feira, 26 de abril de 2007

Não gostei. Mesmo nada.

Fui no fim-de-semana passado à Casa da Música, fiz uma visita guiada (organização do CMUC) e infelizmente fiquei muito desiludido. Se calhar eram as expectativas que eram demasiado elevadas...
Dá a ideia de ser uma obra arquitectónica fantástica (utilizando o termo despido de qualquer valoração) feita por alguém que não percebe nada de música. A ideia que me ficou é que se subalterniza a música a uma filosofia de desconstrução dos conceitos tradicionais e que existem por alguma razão.
Luz natural na sala principal? Que bonito. E é bonito, de facto. Mas as pessoas vão conversar. Está provado que se a sala não for escura, com iluminação apenas nos músicos, as pessoas conversam. A luz imensa desconcentra, faz perder a ligação ao que de facto é importante.
Lugares onde se não vê o palco? Mas para quê? Se alguém quer ouvir música sem ver quem a faz, compra um CD, não vai ver um espectáculo.
Tudo aberto ao povo permanentemente. É uma ideia óptima, porque traz as pessoas para as salas de espectáculos. O que se passa é que a todo o edifício tem acesso livre excepto a sala principal. Mas por amor de Deus: criancinhas a berrar e bares no meio dos corredores dão cabo de qualquer ambiente musical que se quisesse criar.
Salas de ensaio visíveis? As salas de ensaios estão ao pé das bilheteiras e são visíveis pelo público. Isto é, os músicos em vez de se concentrarem vão encontrar a malta colada ao vidro, qual pobres com fome, a ver o que se lá passa.

Por fim, aquela obra pareceu-me um conjunto de improvisações. Há que lembrar que o projecto foi feito a pensar numa casa familiar e não num espaço para espectáculos musicais. Fica a sensação que está tudo meio improvisado, o que é assumido. Há espaços que não têm função e que resolveram agora tornar em auditório para conferências. Mas a ideia que se tem é a de estar num edifício em obras.
Depois, há um desaproveitamento do espaço que é irresponsável, parece-me. Metade do espaço ocupado pelo edifício resume-se a ar e vento: a construção é oca, excepto no centro.

Enfim. Sinceramente, prefiro assistir a concertos no CCB ou na Gulbenkian. Sem qualquer comparação.

2 comentários:

  1. Quando fui lá, tinha acabado de ser inaugurado e ainda não se podia visitar (EICU). És capaz de ter razão, mas das tuas 4 justificações, as 3 últimas são da inteira e exclusiva responsabilidade dos espectadores (presume-se que maioritariamente portugueses). Aposto contigo que essas mesmas condições, nesse mesmo edifício, num outro país... não haveria pessoas pregadas aos vidros, nem crianças aos berros, nem pessoas a conversar nos espectáculos.
    Ou seja, o arquitecto não tem culpa do comportamento das pessoas. O projecto era de uma casa, mas foi obviamente adaptado. Além disso, o mesmo sofreu alguns cortes. O que faz com que resultado final não seja exactamente a ideia original do arquitecto.
    Sejamos francos. Essa casa num outro país e não darias pelos 3 defeitos que apontaste.

    ResponderEliminar
  2. Talvez. Mas acho óbvio que a primeira preocupação ali foi a filosofia e a arquitectura, não a música. Chamem-me conservador, mas preferiria que a música fosse a primeira preocupação...

    ResponderEliminar