Ninguém discorda que há muito que terminaram os tempos em que cada país podia fazer o que quisesse e bem entendesse dentro das suas fronteiras sem ter de prestar contas aos países do resto do mundo.
Seja pelo facto de a comunidade internacional ter assumido a dignidade da pessoa humana como valor transnacional e transcultural, seja pelo facto de se encontrar perfeitamente adquirido o "efeito borboleta" (que o que ocorre num país, por força da globalização, afecta os restantes) ou, simplesmente, porque há matérias demasiado importantes para ficarem exclusivamente sujeitas aos interesses de um determinado país (matérias como o ambiente e a energia nuclear), é hoje um dado adquirido que há valores supra nacionais que têm de ser defendidos por todos os povos do mundo.
O problema é que, por muito confortante que este ideia possa ser, não nos oferece qualquer solução para as crises que constantemente surgem a propósito da densidade de tais valores, da sua extensão, do melhor modo para os proteger e de quais as intervenção admissíveis na defesa de tais valores.
Basta ligar a televisão para ver exemplos disso: a crise nuclear do Irão, a recusa dos EUA em ratificarem o protocolo de Quioto, as atrocidades no Sudão, ...
A mim parece-me que tais valores deveriam ser preservados por uma entidade global, a quem os demais países reconhecessem autoridade para decidir sobre tais assuntos e que tivesse os recursos e a legitimidade para garantir a execução das suas decisões.
Contudo, depois deste meu momento de "devaneios utópicos", rapidamente caio na real e percebo que, conforme a recente reforma da ONU revelou, ainda estamos muito longe desse cenário. Muito longe mesmo...
Como todos sabemos, hoje vivemos uma era dominada pelos "polícias do mundo" (os EUA e respectivos aliados), que, ocasionalmente, servem interesses alheios ao mesmo tempo que servem os seus (mais não seja, mantendo a sua máquina de guerra em actividade), e em que as restantes potências mundiais tentam "molhar o bico" perante passividade e impotência, por um lado, e o oportunismo, por outro, dos restantes países.
A questão que se me coloca é a seguinte: Será que a intervenção oportunista, inábil e muitas vezes paranoica dos EUA é um custo que temos de suportar para manter a paz? Serão, verdadeiramente, o mal menor?
Honestamente, não sei. Confesso que a actual incapacidade dos EUA para aproveitarem as potencialidades da via diplomática, a displicência que demonstraram ao longo da sua história ao intervirem no funcionamento da economia e do governo de outros países, a falta de compreensão relativamente a culturas diferentes das suas, ou, até, a falta de previsão que revelaram para o pós-guerra nas suas intervenções me fazem desejar que existisse uma alternativa viável à sua hegemonia.
Mas o problema é que também não posso dizer que os pretendentes à posição actualmente ocupada pelos EUA (França, China, Rússia,...) me parecem melhores.
Talvez seja arrogância tipicamente europeia, mas gostava de ver a UE assumir património cultural que a une, e assumir um papel mais preponderante e activo (disposta, no limite, a efectuar intervenções militares legítimas) na política internacional.
Trata-se de mais um devaneio utópico, eu sei. As diferenças culturais, políticas e históricas entre os países da UE tornam quase impossível obter um acordo que lhe permita intervir em tempo útil. De qualquer forma, sonhar não custa...
Seja pelo facto de a comunidade internacional ter assumido a dignidade da pessoa humana como valor transnacional e transcultural, seja pelo facto de se encontrar perfeitamente adquirido o "efeito borboleta" (que o que ocorre num país, por força da globalização, afecta os restantes) ou, simplesmente, porque há matérias demasiado importantes para ficarem exclusivamente sujeitas aos interesses de um determinado país (matérias como o ambiente e a energia nuclear), é hoje um dado adquirido que há valores supra nacionais que têm de ser defendidos por todos os povos do mundo.
O problema é que, por muito confortante que este ideia possa ser, não nos oferece qualquer solução para as crises que constantemente surgem a propósito da densidade de tais valores, da sua extensão, do melhor modo para os proteger e de quais as intervenção admissíveis na defesa de tais valores.
Basta ligar a televisão para ver exemplos disso: a crise nuclear do Irão, a recusa dos EUA em ratificarem o protocolo de Quioto, as atrocidades no Sudão, ...
A mim parece-me que tais valores deveriam ser preservados por uma entidade global, a quem os demais países reconhecessem autoridade para decidir sobre tais assuntos e que tivesse os recursos e a legitimidade para garantir a execução das suas decisões.
Contudo, depois deste meu momento de "devaneios utópicos", rapidamente caio na real e percebo que, conforme a recente reforma da ONU revelou, ainda estamos muito longe desse cenário. Muito longe mesmo...
Como todos sabemos, hoje vivemos uma era dominada pelos "polícias do mundo" (os EUA e respectivos aliados), que, ocasionalmente, servem interesses alheios ao mesmo tempo que servem os seus (mais não seja, mantendo a sua máquina de guerra em actividade), e em que as restantes potências mundiais tentam "molhar o bico" perante passividade e impotência, por um lado, e o oportunismo, por outro, dos restantes países.
A questão que se me coloca é a seguinte: Será que a intervenção oportunista, inábil e muitas vezes paranoica dos EUA é um custo que temos de suportar para manter a paz? Serão, verdadeiramente, o mal menor?
Honestamente, não sei. Confesso que a actual incapacidade dos EUA para aproveitarem as potencialidades da via diplomática, a displicência que demonstraram ao longo da sua história ao intervirem no funcionamento da economia e do governo de outros países, a falta de compreensão relativamente a culturas diferentes das suas, ou, até, a falta de previsão que revelaram para o pós-guerra nas suas intervenções me fazem desejar que existisse uma alternativa viável à sua hegemonia.
Mas o problema é que também não posso dizer que os pretendentes à posição actualmente ocupada pelos EUA (França, China, Rússia,...) me parecem melhores.
Talvez seja arrogância tipicamente europeia, mas gostava de ver a UE assumir património cultural que a une, e assumir um papel mais preponderante e activo (disposta, no limite, a efectuar intervenções militares legítimas) na política internacional.
Trata-se de mais um devaneio utópico, eu sei. As diferenças culturais, políticas e históricas entre os países da UE tornam quase impossível obter um acordo que lhe permita intervir em tempo útil. De qualquer forma, sonhar não custa...
Grande regresso, Roquito...
ResponderEliminarEstou contigo. E defendo a criação quanto antes do exército europeu.
ResponderEliminarEsqueci-me da falar nisso, mas acho que está subetendido. O grande problema é conseguir consenso (como ficou dolorosamente óbvio aquando da última intenvenção no Iraque).
ResponderEliminarComo é óbvio, não podia estar mais em desacordo quanto à solução.
ResponderEliminarÉ que a UE não é, nem nunca será, um Estado. A UE não significa, nem tem de significar, nem é desejável que venha a significar, uma união cultural ou política.
Tem de significar uma União Económica, criando a vantagem económica que normalmente têm os Estados grandes (um grande mercado), mas sem passar por cima de soberanias nacionais que durante séculos foram criadas: a césar o que é de césar.
Por isso, não podia estar mais em desacordo com a criação de um exército europeu: quem tem exércitos são os Estados, não as Organizações Internacionais de integração económica...
E porque não a criação do exército Europeu com base na OSCE?
ResponderEliminarEsta já é uma organização na qual entra a segurança dos Estados Europeus. E se for por aqui a tua crítica, apesar de plausível mas tb previsível cai um pouco. (com todo o respeito naturalmente).
Paulo Marques