domingo, 22 de janeiro de 2006

Que grande lata!

Apetecia-me falar das eleições, mas como não há resultados oficiais e ainda há algumas urnas abertas, vou-me abster (de comentar, não de votar).
Em vez disso vou apenas partilhar um episódio com quem tiver a paciência de ler (paciência especialmente admirável depois de tão poucos posts nos últimos tempos).
Ontem estava a ver o telejornal do Canal 1 e dou por mim a ver o pivot a anunciar que no domingo (hoje) iam fazer um programa especial de cobertura das eleições. Até nos "levaram" aos estúdios onde isso ia acontecer e entrevistaram os pivots envolvidos e o produtor responsável pelo programa.
Eu não sei se isto vos merece algum comentário, mas, a mim, deixa-me totalmente desorientado.
Como se já não bastasse o facto de os telejornais durarem uma hora (quando só há verdadeiras notícias na primeira meia-hora), agora temos que "gramar" com publicidade no próprio telejornal????
É que quando era a TVI a fazê-lo, eu ficava incomodado, mas não podia verdadeiramente dizer que era um choque, já que a TVI nunca teve um verdadeiros telejornais (basta pensar nas entrevistas do pessoal do Big Brother ou na postura da Manuel Moura Guedes).
Mas ver o Canal 1 recorrer a tal expediente chocou-me muito.
O facto de hoje ser transmitido um programa sobre as eleições não é uma notícia de interesse público seja qual for a nossa visão de interesse público.
E ao transformarem algo que não tem interesse público em notícia só para servir os seus interesses, só para se auto-promoverem, só para tentarem ganhar aquele ponto extra de share estão a manchar completamente a imagem de imparcialidade e isenção pela qual a classe jornalística tanto luta.
Mesmo que seja uma deturpação inofensiva, fica sempre a pergunta: "Se eles cruzam esta fronteira por isto, em que situações mais estarão dispostos a fazê-lo?"
Não estou a escrever este post com o espírito alarmista de quem diz (como o diz o Pres. da Região Autónoma da Madeira) que os meios de comunicação estão todos sob o controlo de terceiros e é preciso ter cuidado com eles.
Mas, honestamente, esperava mais dos profissionais do Canal 1. E, acima de tudo, acho que nós merecíamos mais respeito que isto.

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