Já há algum tempo que queria escrever sobre uma experiência extremamente interessante que está a acontecer em Itália e que já se propagou para outros países: a Banca Ética (www.bancaetica.com).
Trata-se de um projecto iniciado e desenvolvido por um conjunto de organizações não-lucrativas italianas que estão a tentar provar que coisas como a busca do lucro e ética não são incompatíveis (ponto bastante actual, conforme se constata do meu último post).
No final da década de 90, estas organizações fizeram uma grande recolha de fundos e criaram um banco que, à primeira vista, é em tudo semelhante aos restantes. Mas uma análise mais atenta revela profundas diferenças.
Este banco (e outros que entretanto foram criados à sua imagem) assumiu, perante os seus clientes e accionistas, o compromisso de desenvolver a sua actuação de uma forma etica e socialmente responsável.
Em conformidade com esse compromisso, a Banca Popolare Etica apenas concede financiamentos após analisar as consequências sociais, ambientais e económicas dos projectos que lhe são apresentados, sendo imprescindível a adesão das entidades candidatas à carta de princípios que rege a actividade deste Banco.
Adesão essa que terá de se concretizar no terreno, sob pena de o financiamento concedido ser cancelado.
Outra diferença relativamente à banca tradicional é que o contributo dos accionistas e clientes é bem-vindo e até encorajado, sendo considerado uma mais-valia para o processo decisório.
Não conheço o projecto tão bem como gostaria, portanto é possível que tenha falhas que desconheço.
O que me parece que ele tem de interessante é mostrar que, para que a economia funcione, não temos de aceitar que as empresas sejam totalmente amorais. Existe outra via. Não temos de nos contentar com um mundo assim.