sexta-feira, 29 de abril de 2005

Sporting: então como está a correr?

Bem, depende!!
É que lá na minha casa há o hábito de ver o jogo, tirar o som da TV e ouvir o relato na TSF.
Foi o que aconteceu ontem.
O problema é que algures no decorrer do jogo, o relato não correspondia às imagens que passavam na Tv. Um exemplo: "(...) Custódio recuperou, dirige-se para a baliza, mas perde....()".
Ora, na Tv, pelo menos o que eu tenha visto, o Custódio nem sequer estava a tocar na bola, quanto mais a empurrá-la para a baliza ou sequer a perdê-la!
Depois, há um segundo inconveniente: é que, quando foi o golo do Az Alkmaar, a TSF estava a transmitir um anúncio da (Lol) Tranquilidade (companhia de seguros)!!
Pois!

quinta-feira, 28 de abril de 2005

Mudando (um pouco) de assunto...

Num mundo onde tanta coisa nos escapa e onde seria preciso gastar imensas horas por dia a recolher informação para poder ter a certeza (ou algo próximo dela) da verdade, é muito fácil deixarmo-nos cair para qualquer dos extremos: ou acreditamos que tudo vai bem, que não há conspirações ou tentativas de nos manipular a todos (e tentamos não pensar muito nisso), ou cedemos ao medo e em todo o lado vemos conspirações e encobrimentos.
Não tenho qualquer pretensão de ser alguém capaz de ver através de toda a informação (normalmente contraditória) com que todos somos bombardeados todos os dias, nem venho falar sobre uma conspiração mundial que, a existir, se desenrolaria completamente fora do meu alcance. Mas queria aproveitar o blog para falar sobre um outro tipo de "conspiração" e ver que contributos receberíamos quanto a esta matéria.
E fiquei com vontade de o fazer porque me revoltou saber até que ponto nos tentam manipular em locais onde, supostamente, deveríamos poder estar descansados.
Estou a falar dos supermercados, onde os grandes grupos económicos recorrem às mais avançadas técnicas de Marketing para maximizar as suas percentagens de lucro.
Quantos de vocês sabiam que nas grandes superfícies a temperatura é mantida propositadamente fresca para manter as pessoas acordadas (e portanto sem vontade de ir para casa)? Ou que o cheiro de pão fresco que nos atrai até ao fundo das grandes superfícies provem de uma lata de aerosol colocada no ar condicionado? Ou que a luz instalada nesses locais é propositadamente escolhida de forma a melhorar a aparência do peixe e da carne? Ou que a música aí passada é propositadamente lenta para induzir uma circulação mais lenta? Ou que os produtos infantis são colocados à altura da vista das crianças para elas os verem mais facilmente e se agarrarem a eles gritando o inevitável "Eu quero!"?
Eu nunca me tinha apercebido. Mas isto vai mais longe e torna-se, a meu ver, particularmente maquiavélico.
Quando os pais dessas crianças começaram a evitar os corredores com produtos infantis para não terem de enfrentar as birras dos filhos, as grandes superfícies responderam espalhando esses produtos pelo supermercado de forma a garantir que teriam de passar por eles. "Podes fugir mas não te podes esconder!".
Se eu fosse pai, neste momento, estaria muito muito chateado.
Só mais uma coisa para pensarmos. Decerto que todos temos um palpite quanto ao que leva as grandes superfícies a lançarem os seus cartões de desconto. Alguns até saberão o que vou dizer, mas vou dize-lo na mesma. Já pensaram que pode ser para terem acesso a uma lista actualizada das nossas compras? Isto, para que possam melhor "entrar dentro da nossa cabeça" e preparar mais produtos destinados a fazer-nos gastar mais dinheiro.
A verdade é que nunca vi nenhuma lata de aerosol com cheiro de pão fresco. Nem sei para que servem os cartões das grandes superfícies. Mas algumas das coisas que comentei em cima estão à vista de toda a gente e outras podem não estar à vista, mas fazem todo o sentido. De qualquer forma, só queria que desbafar quanto a isto...
Vida de consumidor é dura...

Como é que disse que disse?!?

Já é a segunda vez que ouço uma coisa espantosa na TSF: um colega Advogado, num spot publicitário, anuncia o respectivo nome, os respectivos contactos e aquilo que designa de "áreas preferenciais de actuação"!
Espero que faça parte de uma qualquer campanha publicitária e que não seja aquilo que parece ser!

quarta-feira, 27 de abril de 2005

O Congresso do CDS

Se há fenómeno inexplicável na nossa democracia é o facto de os analistas políticos, de todos os quadrantes, se enganarem sempre no que diz respeito ao CDS.
Vejamos a história recente:
Era o partido do táxi e augurava-se-lhe a morte: Chega ao melhor resultado de sempre nas legislativas de 95.
Em 99, augurava-se-lhe a maior descida: Manteve a votação.
Em 2002 seria absorvido pelo PSD, porque Portas já estava esgotado: Sobe o número de deputados e vai parar ao Governo.
No Governo seria foco de instabilidade: no Governo de Santana Lopes, foi o único foco de ESTABILIDADE.
Nas eleições de 2005, todos os comentadores auguravam uma subida extraordinária da votação do CDS: Pois foram perdidos 3 deputados, embora reconquistado o deputado de Viana do Castelo, e iniciada uma crise política com a demissão do líder Paulo Portas.
Neste congresso, tivemos mais uma destas surpresas. Aos olhos de todos, o CDS aparecia como um partido em crise profunda, que ninguém queria reger.
Surpresa das surpresas, aparecem 3 candidatos a líder, uma miríade de moções estratégicas e (perdoem-me a comparação) uma muito maior emoção, expectativa e interesse que no recente congresso do PSD.
Inesperadamente, José Ribeiro e Castro, fundador da Juventude Centrista, um histórico do partido e uma sumidade no discurso, assume a liderança do CDS.
O CDS aparece hoje como o partido de centro-direita responsável, credível e, sobretudo, sem políticos no mau sentido. Não é fácil encontrarem-se no CDS personalidades que sempre viveram agarrados a cargos políticos, na contagem dos votos e nos caciques para chegar mais alto, à semelhança do actual e do anterior Primeiro-Ministro.
Os quadros do CDS são pessoas que têm a sua vida pessoal e profissional, que não precisam da política. Ao contrário, é a política que precisa de quadros como os do CDS.
Além desta qualidade única do CDS, a liderança de Ribeiro e Castro tem ainda outra virtualidade: representa o afastamento definitivo da extrema-direita populista que se colou ao partido na era de Manuel Monteiro. O CDS é hoje um partido centrista (como o foi nas suas origens), democrata-cristão, europeísta convicto, moderado e com cariz governativo.
Depois de Paulo Portas, Ribeiro e Castro representa a machadada final nos vestígios monteiristas, naquele partido bloquista de direita, contra a Europa, contra as políticas sociais, e que quase defendia, qual Partido Comunista, qual Oliveira Salazar, a doutrina do "orgulhosamente sós".
Por fim, não podemos deixar de comparar a audácia de Ribeiro e Castro com a ausência de carisma de Marques Mendes.
Duas lideranças radicalmente opostas que disputam, tendencialmente, o mesmo eleitorado, vão com certeza operar transferências de votos do PSD para o CDS.
Uma palavra final de aplauso para a intenção do CDS (sustentada também por Telmo Correia) de apoiar Cavaco Silva nas Presidenciais.
Um CDS forte por trás de um dos maiores estadistas portugueses vai compensar cabalmente a ausência de carácter que o PSD apresenta hoje.
Parabéns ao CDS. Pelo congresso e pelo brilhante futuro que lhe prevejo. Espero não me enganar, como todos os analistas políticos...
Afonso Patrão

O Ministro Vieira da Silva

Na excelente entrevista que deu a semana passada na SIC-Notícias, o Ministro do Trabalho e da Segurança Social demonstrou o profundo conhecimento que tem das matérias ligadas quer ao mundo do trabalho, quer à problemática da Segurança Social.
A primeira nota digna de registo (esta extensível, obviamente, ao Primeiro-Ministro) é a junção das áreas da Segurança Social e do Trabalho num único Ministério, contrariamente ao que sucedia na anterior legislatura em que o Trabalho fora “deslocado” para o Ministério das Actividades Económicas e a Segurança Social estava no (surreal) Ministério da Família e da Criança (como manifestação de caridade de uma certa direita que assim encara a redistribuição da riqueza).
A segunda nota digna de registo foi a aposta demonstrada pelo Ministro na dinamização da contratação colectiva, praticamente estagnada, desde a aprovação do Código do Trabalho.
Note-se que a contratação colectiva não serve exclusivamente os interesses dos trabalhadores: fomenta a pacificação social, e isso, em certas ocasiões, pode contribuir tanto para a produtividade e para o lucro, como os, por vezes economicamente impossíveis, aumentos salariais.

terça-feira, 26 de abril de 2005

Incentivo

O meu amigo Rok (lol) está em dia não.
Aqui fica o meu incentivo, além gabinete de trabalho, para que a sus estreia na blogoesfera se dê o quanto antes!
Aguardemos!

Festa da Música

Este fim de semana foi a Festa da Música, no CCB, dedicada ao Beethoven e seus amigos. Foi espectacular!
Assisti à 9.ª sinfonia (realmente, como dizia alguém na Antena 2 só foi pena os solistas), à 6.ª sinfonia (magistralmente executada pela Orquestra Académica Metropolitana - e eram todos muito novos!), ao Imperador e à sonata ao Luar.
Para além da qualidade dos concertos, estava tudo muitíssimo bem organizado, sem confusões, filas, etc. Só dois reparos (que certamente não borram a pintura): (i) com excepção da sala Waldenstein, os lugares não são marcados o que me parece propício à confusão e à "esperteza saloia"; (ii) na sala em que ouvi a sonata ao Luar, interpretada pelo Pedro Brumester (extraordinário, diga-se!!) a disposição da sala e a acústica não eram as melhores. Mas enfim...
A festa da Música está de boa saúde e recomenda-se!
Para o ano há mais!

O Sistema de Informações da República Portuguesa

Sua Excelência o Primeiro-Ministro optou por demitir Sua Excelência o Secretário-Geral do Sistema de Informações da República Portuguesa.

Comentários? Talvez. Vejamos:
As ameaças actuais à segurança são hoje diferentes. O mundo já não é ums estrutura bipolar de riscos e ameaças conhecidos, mas uma miríade de ataques dificilmente quantificáveis e previsíveis.
Provas disso mesmo são os atentados inesperados e imprevisíveis de 11 de Setembro e de 11 de Março.

Como combater este fenómeno? A resposta é complexa mas óbvia: potenciando e melhorando a eficácia e eficiência dos serviços de informações.

A meu ver, este aumento da sua performance só pode ser conseguido através de 3 medidas:

1. Despartidarização dos Serviços de Informações: uma actividade séria do SIS e do SIED não pode estar condicionada com os ciclos políticos. Há que haver uma estabilidade, uma independência face a este fenómeno.

2. Aumento da coordenação e articulação entre os Serviços de Informações: Só assim, falando a uma voz, os serviços de informações podem adquirir alguma credibilidade a nível externo, essencial para que os grandes serviços secretos (MI5, MI6, CIA, Serviços Secretos Israelitas, etc.) possam confiar informações essenciais à segurança nacional.

3. Reforço dos seus meios. Portugal é dos poucos países do mundo cujos serviços de informações estão vedados, mesmo com controlo judicial, de recorrer a escutas telefonicas, identidades falsas, recurso às bases de dados das polícias.


Conscientes desta situação, os 3 partidos ditos responsáveis (CDS, PSD e PS) aprovaram, na Assembleia da República, a Lei Orgânica n.º 4/2004, que operacionaliza duas das três medidas necessárias. Como? Cria o cargo de Secretário-Geral do SIRP, com cariz independente e sem vinculação aos ciclos políticos.

Nome escolhido: Domingos Jerónimo.
Independente? Sem filiação partidária. Mas foi Subsecretário de Estado dos Negócios Estrangeiros no XII Governo Constitucional (PSD) e Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros nos XV e XVI Governos Constitucionais (PSD e CDS).
A sua substituição, precedida de notícias (no mínimo) desagradáveis, constitui uma infeliz partidarização do cargo. Um mandato que se pretendia não limitado no tempo foi agora irreversivelmente consignado ao mandato do Governo da República.
Afinal, um diploma legal que pretendia tornar o Sistema de Informações da República um organismo independente do Governo (com a chancela do PS, diga-se!), acabou por significar a sua partidarização cabal.
É pena.
Esperamos que os próximos Governos não reiterem esta prática. A bem da República!
Afonso Patrão

No princípio era o verbo...

Depois de uma profícua discussão sobre o nome do blog e chegados à conclusão que nenhum dos nomes pensados era adequado, a blogosfera foi finalmente enriquecida (ou não) com o Devaneios e Desabafos.
Tendo como membros 3 amigos e juristas, de quadrantes políticos diferentes, o blog pretende ser um espaço de liberdade de discussão sobre Política e Direito.
Espero sinceramente que venha a durar muitos e longos anos!

Boa sorte ao Devaneios e Desabafos!