I. Do Gesto.
Do gesto há pouco a dizer, mas uma pergunta a fazer que ainda não vi questionada.
Há a dizer que é, obviamente, inadmissível que um Ministro do Governo da República se comporte desta forma num órgão de soberania como a Assembleia da República. Há a reparar, claro, que por mais irritado que estivesse, a cedência a um gesto do tipo vem revelar uma grande falta de educação, como aliás já sabíamos (basta lembrar a história da papa maizena ou o número palhaço e deprimente de rasgar folhas de papel enquanto fala da Sra. Dra. Manuela Ferreira Leite.
Mas também há a dizer que, com ou sem gesto, há coisas igualmente graves que já aconteceram na Assembleia da República sem qualquer consequência! Alguém esquece os comentários do deputado do PSD José Eduardo Martins, por exemplo (entre outras infelizes intervenções)
aqui? Não me parece que o gesto seja mais grave que isto e nenhuma consequência, que eu saiba, saiu deste comportamento....
Por outro lado, será que um fait-d'hiver destes põe em causa o debate do estado da Nação?? É que não se ouviu falar de mais nada, e eu sinceramente preferia ter ouvido falar disso do que destas questiúnculas.
A perguntar, parece-me óbvio: MAS O QUE É QUE ELE QUERIA DIZER COM O SEU GESTO??? ALGUÉM PERCEBE?? Eu estou em pulgas para saber...
II. DO MINISTRO:
Sempre foi dos que menos gostei. Mau tecnicamente, cheio de gaffes (o fim da crise?!?!?), e muito mal educado. Não percebeu que ajudar PMEs não é atirar dinheiro para cima delas; não percebeu que fazer a economia funcionar não é financiar, uma a uma, as empresas privadas, numa espécie de capitalismo manual...
Depois, fica a triste entrevista que deu ontem a Ana Lourenço na SIC Notícias, onde diz que o seu bom trabalho era visível pela forma como era recebido pelas empresas que ele financiava (?!?!?!?!) e que a sua dedicação se via porque perdeu noites em branco para resolver problemas para cuja solução foi pago.
III. DAS IMPLICAÇÕES.
Sócrates é quem mais ganha com esta demissão. Não só se livra de um Ministro problemático, como ainda surge como defensor da moral e dos bons costumes ao demitir um membro do Governo por foça da sua falta de educação.
Brilhante jogada.